QUEBREI A VIDRAÇA - Aroldo Camelo

12 abril
Quebrei a vidraça que já não refletia luz.
Quebrei os dias letárgicos, dias tão crus.
Desmistifiquei os pensamentos dos homens nus.
Esmaguei os ovos de serpentes cruéis.
Rasguei as vestes desses falsos anjos de luz
E nas escadarias do templo deixei-os ao léu.
Sai gritando aos sete céus:
Tudo não passa de mentiras, aleivosias.
Os vaidosos se enfureceram comigo.
Lançaram-me ultrajes. Esses deuses da fantasmagoria.
Queriam fuzilar-me. Queriam meu fim.
É que os hipócritas estão sempre esperando
Que os holofotes escondam suas faces de arlequim.
Tudo é vão porque o cosmo está cheio
De buracos negros onde meus gritos
São abafados e manietados
Pelas armaduras desse tempo caolho.
Não sou um anjo, um querubim,
Mas estou enojado dessas portas escancaradas,
Dessas libertinagens sem fim. (aroldo camelo de melo)
Aroldo Camêlo é sobrinho do Poeta Pilõezinhense José Camêlo de Melo.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.