Goleiro Bruno é proibido de tomar banho de sol e receber visitas após enviar carta a programa de TV
O
goleiro Bruno Souza foi proibido nesta segunda-feira (16) de receber
visitas e tomar banho de sol diário na penitenciária de segurança máxima
Nelson Hungria, em Contagem (MG), por conta de uma carta enviada na
semana passada a um programa de televisão da TV Alterosa, afiliada do
SBT.
Bruno
e mais sete pessoas vão a júri popular, ainda sem data marcada, pelo
desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do jogador. Ele está preso
há dois anos na penitenciária.
A
decisão de suspender os direitos do detento foi tomada pela Secretaria
de Estado de Defesa Social (Seds). O órgão já havia determinado
anteriormente a suspensão temporária do trabalho de faxina que o goleiro
realizava na unidade prisional.
Segundo
a secretaria, o jogador, que foi ouvido na manhã de hoje pela Comissão
Disciplinar do Complexo Prisional, ficará 20 dias sem as duas horas
diárias de banho de sol e, pelo mesmo período, sem as visitas.
"O
detento Bruno Fernandes cometeu erro disciplinar ao ignorar as regras
de segurança do Complexo Penitenciário Nelson Hungria e enviar, fora dos
trâmites legais, uma carta ao público externo à unidade, por meio de
seu advogado. Como é de conhecimento de todos os presos, as
correspondências precisam passar por um departamento específico, para
registro e conferência de teor, com o objetivo de resguardar a segurança
da sociedade e da unidade prisional", afirma nota da Seds.
Na
carta enviada ao programa pelos advogados de defesa, o goleiro afirmou
não ter ordenado a morte de Eliza, fez referências a Deus e disse que
vai assumir a paternidade do filho da jovem.
O
goleiro disse ainda que paga por um crime que não cometeu e que seu
maior erro teria sido confiar em "algumas pessoas", sem citar nomes.
A Seds ainda afirmou que vai notificar a OAB-MG (Ordem dos Advogados do Brasil - seção Minas Gerais) sobre o caso.
Versão da defesa
O
advogado Francisco Simim, que atua na defesa do goleiro ao lado de Rui
Pimenta, havia rebatido o posicionamento da Seds quando foi anunciada a
primeira punição a seu cliente. Segundo Simim, a carta escrita por Bruno
à emissora de TV foi lida por agentes penitenciários antes de sair da
unidade prisional.
"Nós
até chamamos o diretor do presídio, para acompanhar a feitura da carta,
mas fomos informados que ele estava ocupado e não poderia comparecer.
Nós não saímos com ela escondida de lá. Os agentes penitenciários leram a
carta e nos devolveram. Eu fiz esse procedimento", afirmou.
Simim
disse ter enxergado no episódio uma forma de retaliação ao jogador por
conta de uma outra carta, publicada na penúltima edição da revista Veja,
e na qual o jogador teria pedido ao amigo Luiz Henrique Romão, o
Macarrão, que também está preso, para assumir a morte de Eliza.
"A
outra carta saiu de lá sem ninguém saber. Eu acho que foi sem dúvida
isso que ocorreu [retaliação]. E ele [Bruno] não merece isso. Foi uma
oportunidade que ele teve de provar à população que ele é inocente
[enviando a carta à emissora de TV]", disse Simim.
No
começo da noite desta segunda-feira, o advogado afirmou que vai entrar
com um pedido amanhã na Vara de Execuções Criminais (VEC) de Contagem
para suspender as punições ao goleiro. Simim voltou a dizer que a
determinação da Seds foi uma forma de retaliação à carta divulgada pela
revista Veja.
UOL
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