Delegado: batalhão planejou morte de juíza
Delegado: batalhão inteiro planejou morte de juíza por vingança
O delegado Filipe Ettori, que comandou o inquérito de investigação do assassinato da juíza Patrícia Acioli (foto),
deu detalhes da participação dos três policiais militares que estão
sendo julgados nesta terça-feira pelo crime no 3º Tribunal do Júri de
Niterói (RJ). Segundo ele, todos tiveram participação direta no
homicídio, junto com o PM Sérgio Costa Júnior, que já foi condenado. O
delegado afirmou que o batalhão inteiro planejou o assassinato da juíza
por vingança, já que ela havia ordenado a prisão de todos por crimes em
São Gonçalo.
Ettori afirmou que todos os agentes do Grupo de Ações Táticas e
Especiais (Gate) do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM), ao qual
pertenciam Jeferson de Araujo Miranda, Júnior Cezar de Medeiros e
Jovanis Falcão Junior, aceitaram abrir mão de suas partes em "espólios
de guerra" (dinheiro de extorsão a traficantes, apreensões, propinas)
para pagar os colegas que praticaram o crime. Nas casas dos três, foram
encontradas provas da participação direta no assassinato.
Segundo o delegado, na casa de Medeiros foram encontrados R$ 23 mil em
dinheiro e R$ 10 mil em cheques, enquanto na residência de Falcão havia
cocaína, maconha, as chaves das duas motos utilizadas no crime. Na casa
de Miranda, a polícia encontrou uma touca ninja e capacetes.
"Todos os agentes do Gate respondiam a processos na vara da juíza por
homicídios praticados em autos de resistência. Eles atuavam em 20
comunidades de São Gonçalo, e toda a guarnição foi presa no início de
2011 pela juíza, o que estremeceu de vez a relação dos policiais com
Patrícia. O comandante do batalhão retirou sua escolta e em março eles
começaram a planejar seu assassinato, que em princípio seria cometido
por uma milícia, o que não foi efetivado", explicou o delegado.
Um carro e as motos, além das armas usadas no crime, foram compradas
pelos três com o dinheiro das extorsões dos traficantes. Antes de
cometerem o assassinato, eles fizeram duas tentativas de matar a juíza -
mas, em uma delas, Jeferson, que estava no Fórum controlando a saída de
Patrícia, dormiu. Na outra, Patrícia não foi a uma reconstituição de
crime em que era esperada. As motos e as armas foram apreendidas em
Jacarepaguá, perto da residência de um dos acusados.
Imagens de câmeras de segurança de um estabelecimento comercial filmaram
os acusados no carro do comandante do Gate, Daniel dos Santos Benitez,
que também foi visto no condomínio da juíza no momento do assassinato.
As antenas dos celulares deles também comprometeram os policiais, já que
emitiram sinal da região no mesmo horário
O assassinato de Patrícia Acioli
Patrícia foi morta com 21 tiros em agosto de 2011, quando chegava em
casa, em Piratininga, Niterói. O caso teve a primeira condenação em
dezembro do ano passado, quando o cabo da polícia militar Sérgio Costa
Junior, réu confesso, foi sentenciado a 21 anos de prisão. Ele admitiu
ter atirado 15 vezes na juíza e obteve a delação premiada, que diminuiu
em 15 anos a sua pena.
A Justiça ainda não tem data para os julgamentos dos dois principais
acusados do crime: o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, que
comandava o 7º BPM (São Gonçalo) na época do assassinato e teria sido o
mandante do crime, e o tenente Daniel dos Santos Benitez, que chefiava
diretamente o grupo de PMs acusados do crime.
Da Redação com Terra
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