Jovem resgata vítimas e salva irmão sem reconhecê-lo
Delvani está internado em estado grave e tem 70% do corpo queimado
Jovane Rosso estava na boate Kiss na madrugada do
último domingo, é um sobrevivente da tragédia que abalou não só a cidade
de Santa Maria, mas todo o país, e, ainda, conseguiu ajudar no resgate
de algumas vítimas, inclusive do irmão, Delvani. Os jovens estavam em
locais diferentes na hora que o incêndio começou. Jovane saiu logo no
início da confusão, porém percebeu, em certo momento, que poucas pessoas
conseguiam sair. Foi, então, que ele e um grupo de 10 passaram a
colaborar no salvamento.
"A gente começou a entrar na boate e resgatar os corpos que estavam
desmaiados no chão, e levar para os bombeiros. Nós conseguimos tirar
umas 40 pessoas de lá. Ontem, eu soube que, os caras que estavam
ajudando comigo, ou estão no CTI ou faleceram por inalar a fumaça
tóxica", relembrou Jovane que completou: "Eu só vi que tinha retirado o
meu irmão quando ele estava estendido no chão, em frente à boate”.
José Luis Rosso, pai dos jovens, contou que Delvani está internado em
um hospital de Santa Clara. “É lamentável a situação do meu filho.
Hoje, nós estamos aqui de coração partido. Só os médicos e Deus para
salvar o meu filho. Eu peço às autoridades que reflitam na dor que um
pai sente e que isso sirva de alerta para as boates que estão fora de
licença. Ontem, nós tentamos transferir meu filho para Porto Alegre, mas
ele teve uma queda de pressão", desabafou o senhor, inconsolável.
Segundo os médicos, Delvani tem queimaduras em 70% do corpo e o quadro
dele continua grave.
Mãe de vítima conta que pediu para a filha não ir à boate
Na noite do último sábado, enquanto acompanhava Natana Canto se
arrumar para ir à boate Kiss, Maria Goreti Pereira fez um pedido para a
filha, sem saber que aquela seria a última vez que falaria com a menina:
“Não vai, é perigoso”. As saídas noturnas de Natana eram raras e, por
isso, a mãe estava preocupada com a jovem. “Mas ela respondeu que ia e
que me ligava às 3h”, relembrou. No horário marcado, às 3h da manhã de
domingo, o telefone tocou, mas, infelizmente, não era Natana, e as
notícias não eram as melhores. Uma vizinha queria avisar Maria Goreti
sobre o incêndio na casa noturna.
A mãe contou que procurou a filha em vários hospitais da cidade mas
não a encontrou: “Eu pulei da cama e sai correndo para lá”.
Inconformada, Maria Goreti exigiu justiça pela morte da filha e
desabafou: “Fiscalização, para essas mortes não ficarem em vão. Minha
filha não vai voltar mas pelo menos vai evitar que isso aconteça
novamente. O que eu vou fazer sem a minha filha? Minha vida termina
hoje. Meu coração não tem como superar a falta da minha filha, meu
coração está morto”.
Daniela da Silva, prima da vítima, também estava na boate Kiss e foi a
última a ver Natana. "A gente se viu na boate, se cumprimentou mas
depois se separou. Não sei como eu consegui ficar viva, mas fiquei muito
triste pela minha prima. A porta estreita, demoraram para abrí-la, tudo
muito escuro e a gente não enxergava nada. Vi um monte de gente pelo
chão e não tive como ajudar ninguém, eu não estava em condições de
ajudar ninguém”, relembrou Daniela, ainda muito abalada pela tragédia.
WSCOM Online
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