Adesões a Ricardo incomodam peemedebistas

26 fevereiro

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Nonato Guedes
O ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, pré-candidato a governo do Estado pelo PMDB, é o líder dentro do partido que demonstra estar mais incomodado com a onda de adesões de prefeitos ao governador Ricardo Coutinho (PSB), diariamente noticiada pela assessoria de comunicação oficial e por interlocutores do chefe do Executivo. Veneziano se esforça para não passar recibo de desconforto e chega mesmo a duvidar de algumas adesões, mas em pelo menos uma declaração distribuída por assessores seus ele observa que tem recomendado aos gestores do partido que aceitem os benefícios do governo Ricardo Coutinho sem se comprometer com o seu projeto de candidatar-se à reeleição.
O presidente do diretório regional da agremiação, ex-governador José Maranhão, tem feito um silêncio tumular diante do bombardeio midiático em torno de adesões. Nos primeiros dias, chegou a ironizar e desqualificar alguns apoios alardeados. Ultimamente, preferiu silenciar, enquanto aguarda informações mais confiáveis sobre a suposta debandada. O problema é que as adesões, quando são veiculadas pelo Palácio da Redenção, são acompanhadas de fotografias de lideranças municipais e de afirmações aspeadas que teriam feito a respeito da necessidade de formar parcerias com a administração estadual para levar à frente projetos nos municípios que governam. O governador Ricardo Coutinho não se faz de rogado. Reforça as manifestações com a observação de que elas refletem um reconhecimento ao seu estilo de não discriminar comunidades porque estão sob o comando de filiados a outros partidos.
Em alguns círculos do PMDB avalia-se que a ofensiva é maior junto à legenda tendo em vista a eclosão de divergências públicas, externadas pelo ex-senador Wilson Santiago, pelo deputado federal Manoel Júnior e pelo deputado estadual Gervásio Filho. Manoel Júnior arrefeceu o ímpeto dos comentários sobre problemas internos do PMDB, mas Santiago avança por conversações com dirigentes de outras siglas, inclusive, com o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Gervásio tenta resistir dentro do partido, em tom desafiador, insistindo em liderar a bancada na Assembléia, não obstante seja freqüentador habitual de audiências na Granja Santana ou participante especial de solenidades públicas promovidas pelo governador socialista.
Um comentário que toma corpo nas rodas políticas é o de que o PMDB esvaziou-se como alternativa de poder para contemplar filiados políticos, que estariam se sentindo órfãos para fazer frente ao rolo compressor de aliados de primeira hora do governador Ricardo Coutinho. O partido já não controla mais a prefeitura de Campina Grande, não tem grandes espaços na administração do petista Luciano Cartaxo em João Pessoa e é carente de cargos de projeção no governo da presidente Dilma, quer em ministérios, quer em cargos do escalão inferior. A prefeita de Patos, Francisca Motta, e o prefeito de Sousa, André Gadelha, ainda estão às voltas para administrar os primeiros meses, e já dispõem dos seus próprios correligionários para poder acomodar nas esferas locais. Parlamentares federais peemedebistas tentam se projetar em cargos na Câmara e no Senado, a exemplo de Vital do Rego e Manoel Júnior. Mas não há uma ação coordenada, acompanhada diretamente por Maranhão, para reforçar as pretensões desses políticos, que se movimentam por conta própria, apelando para influências e para amizades construídas na convivência congressual.
O histórico de derrotas do PMDB desde as eleições de 2002, no âmbito estadual, é recordado em clima de nostalgia. Em 2002, Roberto Paulino perdeu o governo para Cássio Cunha Lima no segundo turno. Em 2006, foi a vez de Cássio derrotar José Maranhão. Que assumiu provisoriamente em 2009 para completar o mandato devido à cassação de Cunha Lima. Mas em 2010, quando tentou postular um novo mandato contra Ricardo Coutinho (PSB), Maranhão foi inapelavelmente defenestrado. Nas eleições para prefeito em 2012, Maranhão ficou em quarto lugar na disputa em João Pessoa, enquanto em Campina Grande a candidata Tatiana Medeiros, lançada por Veneziano, ainda foi para o segundo turno, mas acabou batida no confronto por Romero Rodrigues, do PSDB. “Todo esse conjunto de fatores contribui para uma desagregação e para o sentimento de falta de valorização da legenda no conjunto das forças atuantes na política paraibana”, revela um deputado estadual do PMDB, comentando a conjuntura vigente. O mesmo parlamentar garante que as pressões vão se intensificar para que haja uma contra-ofensiva de resultados. Se isto não acontecer, a tendência de esvaziamento será muito maior ainda, prevê o informante.
Polêmica Paraíba
 

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