Adesões a Ricardo incomodam peemedebistas
Nonato Guedes
O ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego,
pré-candidato a governo do Estado pelo PMDB, é o líder dentro do partido
que demonstra estar mais incomodado com a onda de adesões de prefeitos
ao governador Ricardo Coutinho (PSB), diariamente noticiada pela
assessoria de comunicação oficial e por interlocutores do chefe do
Executivo. Veneziano se esforça para não passar recibo de desconforto e
chega mesmo a duvidar de algumas adesões, mas em pelo menos uma
declaração distribuída por assessores seus ele observa que tem
recomendado aos gestores do partido que aceitem os benefícios do governo
Ricardo Coutinho sem se comprometer com o seu projeto de candidatar-se à
reeleição.
O presidente do diretório regional da agremiação, ex-governador José
Maranhão, tem feito um silêncio tumular diante do bombardeio midiático
em torno de adesões. Nos primeiros dias, chegou a ironizar e
desqualificar alguns apoios alardeados. Ultimamente, preferiu silenciar,
enquanto aguarda informações mais confiáveis sobre a suposta debandada.
O problema é que as adesões, quando são veiculadas pelo Palácio da
Redenção, são acompanhadas de fotografias de lideranças municipais e de
afirmações aspeadas que teriam feito a respeito da necessidade de formar
parcerias com a administração estadual para levar à frente projetos nos
municípios que governam. O governador Ricardo Coutinho não se faz de
rogado. Reforça as manifestações com a observação de que elas refletem
um reconhecimento ao seu estilo de não discriminar comunidades porque
estão sob o comando de filiados a outros partidos.
Em alguns círculos do PMDB avalia-se que
a ofensiva é maior junto à legenda tendo em vista a eclosão de
divergências públicas, externadas pelo ex-senador Wilson Santiago, pelo
deputado federal Manoel Júnior e pelo deputado estadual Gervásio Filho.
Manoel Júnior arrefeceu o ímpeto dos comentários sobre problemas
internos do PMDB, mas Santiago avança por conversações com dirigentes de
outras siglas, inclusive, com o ex-presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva. Gervásio tenta resistir dentro do partido, em tom
desafiador, insistindo em liderar a bancada na Assembléia, não obstante
seja freqüentador habitual de audiências na Granja Santana ou
participante especial de solenidades públicas promovidas pelo governador
socialista.
Um comentário que toma corpo nas rodas políticas é o de que o PMDB
esvaziou-se como alternativa de poder para contemplar filiados
políticos, que estariam se sentindo órfãos para fazer frente ao rolo
compressor de aliados de primeira hora do governador Ricardo Coutinho. O
partido já não controla mais a prefeitura de Campina Grande, não tem
grandes espaços na administração do petista Luciano Cartaxo em João
Pessoa e é carente de cargos de projeção no governo da presidente Dilma,
quer em ministérios, quer em cargos do escalão inferior. A prefeita de
Patos, Francisca Motta, e o prefeito de Sousa, André Gadelha, ainda
estão às voltas para administrar os primeiros meses, e já dispõem dos
seus próprios correligionários para poder acomodar nas esferas locais.
Parlamentares federais peemedebistas tentam se projetar em cargos na
Câmara e no Senado, a exemplo de Vital do Rego e Manoel Júnior. Mas não
há uma ação coordenada, acompanhada diretamente por Maranhão, para
reforçar as pretensões desses políticos, que se movimentam por conta
própria, apelando para influências e para amizades construídas na
convivência congressual.
O histórico de derrotas do PMDB desde as eleições de 2002, no âmbito
estadual, é recordado em clima de nostalgia. Em 2002, Roberto Paulino
perdeu o governo para Cássio Cunha Lima no segundo turno. Em 2006, foi a
vez de Cássio derrotar José Maranhão. Que assumiu provisoriamente em
2009 para completar o mandato devido à cassação de Cunha Lima. Mas em
2010, quando tentou postular um novo mandato contra Ricardo Coutinho
(PSB), Maranhão foi inapelavelmente defenestrado. Nas eleições para
prefeito em 2012, Maranhão ficou em quarto lugar na disputa em João
Pessoa, enquanto em Campina Grande a candidata Tatiana Medeiros, lançada
por Veneziano, ainda foi para o segundo turno, mas acabou batida no
confronto por Romero Rodrigues, do PSDB. “Todo esse conjunto de fatores
contribui para uma desagregação e para o sentimento de falta de
valorização da legenda no conjunto das forças atuantes na política
paraibana”, revela um deputado estadual do PMDB, comentando a conjuntura
vigente. O mesmo parlamentar garante que as pressões vão se
intensificar para que haja uma contra-ofensiva de resultados. Se isto
não acontecer, a tendência de esvaziamento será muito maior ainda, prevê
o informante.
Polêmica Paraíba
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