Feliciano pede prisão de manifestante

28 março

Feliciano pede prisão de manifestante que o chamou de racista.

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) chegou na tarde desta quarta-feira (27) para presidir pela terceira vez a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Mais uma vez, encontrou o plenário tomado por manifestantes. Ele chegou a pedir a prisão de um manifestante que o chamou de "racista". O que você acha de o deputado pastor Marco Feliciano ser presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara?
"Mantenham a calma. Eu não vou ceder à pressão. Vocês vão ficar sem voz de tanto gritar", disse aos manifestantes que gritavam e apitavam. A comissão chegou a restringir o acesso ao plenário para evitar tumulto, mas não adiantou e a sessão teve que ser transferida para uma sala maior. A Polícia Legislativa foi orientada a recolher os apitos dos manifestantes.
Um manifestante chamou o deputado de "racista" e Feliciano pediu para que a Polícia Legislativa o retirasse do plenário. "Aquele senhor de barba vai sair preso daqui porque me chamou de racista", disse o deputado, citando o artigo 139 Código Penal, que trata de difamação.
"Sou negro, pobre e gay, por isso que me prenderam", disse Marcelo Régis Pereira, que se identificou apenas como manifestante. Pereira, no entanto, não foi preso -- foi levado pelos policiais para um local reservado na Câmara. A Polícia Legislativa da Câmara confirmou que o manifestante está depondo e será liberado em seguida.
Enquanto a CDH realizava sua reunião, outro manifestante foi detido. Allysson Rodrigues Prata tentou invadir o gabinete do deputado quando foi impedido pelos agentes da Polícia Legislativa.
Após a transferência da sessão para uma nova sala, só foi permitida a entrada de jornalistas, deputados, assessores e debatedores convidados.
A Comissão de Direitos Humanos tenta debater a contaminação do solo por chumbo em Santo Amaro da Purificação (BA). Após o reinício da sessão, Feliciano passou a presidência para o autor do requerimento da audiência, deputado Roberto de Lucena (PV-SP).
Desde que assumiu a presidência da comissão, o deputado, que é também pastor evangélico, tem enfrentado protestos. Ele é acusado de ter dado declarações homofóbicas e racistas. Na semana passada, a sessão da CDH durou menos de dez minutos e foi suspensa devido ao tumulto. A primeira reunião sob o comando de Feliciano, no último dia 13, também foi marcada por bate-boca.
Após a mudança de plenário, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), um dos integrantes da comissão, criticou a postura de Feliciano. "Isso aqui é o contrário do que deveria ter sido feito. Está desmoralizando a Câmara. Não reconheço a legitimidade dele. Ele é a pessoa errada no lugar errado." Pressão para renunciar
Feliciano tem enfrentado, pela terceira semana seguida, pressão para renunciar ao cargo. Ontem, o PSC decidiu manter o parlamentar à frente da comissão, alegando que ele tem "ficha limpa".
"O PSC não abre mão da indicação feita pelo partido. Avaliza e repito: não abre mão da indicação feita. O deputado Marco Feliciano foi eleito por maioria dos membros da comissão. Se ele estivesse condenado pelo Supremo [Tribunal Federal], nem indicado seria. Feliciano é um deputado 'ficha limpa', tendo então todas as prerrogativas de estar na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias", diz a nota oficial lida por Everaldo Pereira.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), não ficou satisfeito com a decisão do partido e convocou para a noite de ontem um encontro com os líderes partidários para fazer pressão pela renúncia.
Para Alves, o argumento para convencer o parlamentar será o de demostrar que a manutenção dele no posto impede o andamento normal das atividades da comissão e atrapalha a Câmara como um todo. "Para a comissão poder se reunir, poder trabalhar, o comando da comissão poder comandar a comissão, aquele clima de radicalismo lá instalado – não importa de A, B ou C – não pode continuar", citou Alves ao sair da reunião.
Feliciano reafirmou nesta quarta que não pretende renunciar. Não renuncio de jeito nenhum. O que os líderes podem fazer com a minha vida? Eu fui eleito pelo voto popular e pelo voto do colegiado", disse.
Uol
 

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