Pilõezinhos:Aroldo Camelo de Melo

09 setembro

VISÕES DE MINHA INFÂNCIA
aroldo camelo de melo

Mamãe ia lavar roupa no riacho.
As galinhas, no quintal, cacarejavam.
Um homem, sem camisa, passava
Na rua e gritava: “virou godê”!

Meu irmão caía no choro
Não sei por quê,
Eu, desesperado,
Pedia socorro, não sei pra quem!!!
E pra acalentar o irmão, 
Chorava também.

O amigo Benedito,
Livre tal qual cabrito
Saltitando ora aqui, ora acolá, 
Chutava uma bola de palha 
De bananeira, pra lá e pra cá,
Desdenhando-nos
Com aquela brincadeira,
Sorrindo com sua liberdade!
Eu bradava: ah, maldito...
Invejava o Benedito!!!

Celestina, bêbada assanhada,
Passos largos, determinada,
Seguia em direção a bodega
De Seu “Chiquinho”,
Espantando a meninada pelo caminho:
“Bote aí uma cachaça. Agora!
Ligeiro que eu quero ir embora!
Aqui num tem homem! Ora... ora!
Vou pro Rio de Janeiro,
Eu vou embora
E nunca mais volto...
Essa terra é um chiqueiro!”
Os homens se entreolhavam
E, reverentes, diziam:
“Eita! Língua  ferina...
Essa Celestina é doida, estouvada...
É assim desde menina!”

Mamãe, ao longe, aparecia!
Na cabeça, uma trouxa de roupa,
No rosto, um sorriso, só alegria!
Corríamos ao seu encontro.
Já ia longe o dia!
Era assim que eu vivia!

VISÕES DE MINHA INFÂNCIA
Aroldo camelo de melo
Mamãe ia lavar roupa no riacho.
As galinhas, no quintal, cacarejavam.
Um homem, sem camisa, passava
Na rua e gritava: “virou godê”!
Meu irmão caía no choro
Não sei por quê,
Eu, desesperado,
Pedia socorro, não sei pra quem!!!
E pra acalentar o irmão, 
Chorava também.
O amigo Benedito,
Livre tal qual cabrito
Saltitando ora aqui, ora acolá, 
Chutava uma bola de palha 
De bananeira, pra lá e pra cá,
Desdenhando-nos
Com aquela brincadeira,
Sorrindo com sua liberdade!
Eu bradava: ah, maldito...
Invejava o Benedito!!!
Celestina, bêbada assanhada,
Passos largos, determinada,
Seguia em direção a bodega
De Seu “Chiquinho”,
Espantando a meninada pelo caminho:
“Bote aí uma cachaça. Agora!
Ligeiro que eu quero ir embora!
Aqui num tem homem! Ora... ora!
Vou pro Rio de Janeiro,
Eu vou embora
E nunca mais volto...
Essa terra é um chiqueiro!”
Os homens se entreolhavam
E, reverentes, diziam:
“Eita! Língua ferina...
Essa Celestina é doida, estouvada...
É assim desde menina!”
Mamãe, ao longe, aparecia!
Na cabeça, uma trouxa de roupa,
No rosto, um sorriso, só alegria!
Corríamos ao seu encontro.
Já ia longe o dia!
Era assim que eu vivia
"Muito obrigado amigo Aroldo Câmelo, por contribuíres tanto por nossa terra, nossa história e pela cultura do nosso país" (Jaelson Monteiro) 

Um comentário:

  1. Não tenho palavras para agradecer ao Mestre Literário Aroldo Camelo de Melo. Tempos que conheci, quando trabalhava como boy no Bacen. Atraves do Pavão Misterioso acordou meu gosto pela poesia e literatura.
    Saúdo-o com muito carinho.
    Abs,
    Natanael.

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