Novo ministro aponta concepção ‘autoritária’ no governo Dilma

29 março

Anunciado nesta sexta-feira (27) como novo ministro da Educação, o filósofo e professor Renato Janine Ribeiro afirma em entrevista na edição deste mês da revista “Brasileiros” que a presidente Dilma Rousseff não faz política, tem uma concepção de governo “autoritária” e não dá autonomia aos ministros.

Segundo Janine Ribeiro, professor aposentado de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP), o governo foi “uma decepção do ponto de vista econômico” e por isso é obrigado agora a adotar uma política “tucana”.
O filósofo é o personagem de capa da edição da revista que está nas bancas neste mês. No site da publicação, a entrevista, intitulada “A política e a perda do discurso ético”, foi ao ar no último dia 16, pouco menos de duas semanas antes de ele ter sido convidado por Dilma para ministro da Educação, em substituição a Cid Gomes, que pediu demissão.
Para Janine Ribeiro, a presidente “prometeu fazer uma coisa e está fazendo o contrário”, em razão, segundo afirmou, de uma concepção de governo “no limite, autoritária”, pela qual “não precisa prestar contas à sociedade”.
Na entrevista, ele defende que o atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, “teria mais o perfil” para ser o candidato do PT a presidente em 2014, mas, segundo disse, Dilma foi escolhida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque era “a mais próxima do empresariado”.
O professor avalia que os ministros com mais autonomia no governo são Joaquim Levy (Fazenda) e Juca Ferreira (Cultura). Os demais, afirmou na entrevista, “continuam tendo as orelhas puxadas cada vez que falam uma coisa de que ela [Dilma] não gosta”. Para ele, Levy tem autonomia porque “talvez seja o único ministro indemissível” e Juca Ferreira porque “tem força no meio cultural” e um orçamento pequeno, o que dá “grande autonomia”.
O novo ministro, que tomará posse no próximo dia 6, em cerimônia no Palácio do Planalto, também critica o PT. Para ele, o partido “desocupou o espaço que tinha” e está deixando um “vazio” na política, que, conforme explicou, deu força ao PMDB. Janine Ribeiro classifica como “meio triste” o período de 12 anos de governo do PT “sem enfrentar jamais o capital”.
Ele também direciona críticas para o PSDB, principal partido de oposição, e para a mídia, “que é simpática a eles [os tucanos] e detesta o PT” – o futuro ministro defende que a esquerda crie seus próprios órgãos de mídia em vez de “uma proliferação de blogs, que alguns chamam de sujos”.
Sobre o PSDB, afirma que a sigla teria vocação para se tornar um partido do empreendedorismo, mas “está mais para ser um partido do grande capital”. Segundo diz Janine Ribeiro na entrevista, o PSDB passou a ter “um projeto mais policial do que político”.
“Apesar de todas as críticas ao PT, acho o PSDB pior do que o PT, mas eu não gostaria de continuar votando no mal menor”, declarou.
Nordeste1

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