Papa diz que críticos da igreja são 'amigos do demônio'

21 fevereiro
Dois cardeais ultraconservadores denunciaram nesta quarta-feira (20) "a praga da agenda homossexual" que assola a Igreja Católica e exortaram os bispos de todo o mundo convocados nesta quinta-feira pelo papa ao Vaticano a combater esse fenômeno. 
"A praga da agenda homossexual se espalhou dentro da igreja, fomentada por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e silêncio", denunciaram os cardeais Raymond Burke, dos EUA, e Walter Brandmüller, da Alemanha.
A denúncia foi feita na véspera da abertura no Vaticano de uma cúpula excepcional de três dias com os presidentes das 114 Conferências Episcopais em todo o mundo para combater os abusos sexuais cometidos por clérigos.
"As raízes desse fenômeno estão, obviamente, nessa atmosfera de materialismo, relativismo e hedonismo, onde a existência de uma lei moral absoluta, isto é, sem exceções, é abertamente discutida", afirmam os cardeais.
Eles consideram que uma "profunda desordem" reina e que "o mundo católico está desorientado".
Os dois, conhecidos por suas posições conservadoras, reconhecem que "o horrível crime do abuso infantil" é grave e acreditam que se espalhou "não tanto pelo clericalismo" e abuso de poder dentro da igreja, mas por que "se distanciaram da verdade do Evangelho".
Os dois prelados fazem parte do grupo de quatro cardeais ultraconservadores que criticaram em 2016 o papa Francisco por ter concedido em alguns casos a comunhão aos divorciados que voltaram a se casar.
O papa Francisco disse nesta quarta que pessoas que passam a vida denunciando a Igreja Católica são "amigos, primos e parentes do demônio".
Vítimas de abuso sexual por parte do clero católico exigiram nesta quarta-feira se encontrar pessoalmente o papa Francisco para reforçar o pedido de que os bispos que encobrem tais crimes sejam dispensados do sacerdócio.
As 10 vítimas se encontraram por quase três horas com cinco autoridades do Vaticano um dia antes do início de uma conferência sem precedentes sobre abusos na igreja, planejada para orientar bispos mais velhos sobre a melhor forma de enfrentar o problema que dizimou sua credibilidade.
Todas as vítimas de abuso expressaram descontentamento pelo fato de o papa não ter comparecido à reunião, embora sua presença não estivesse confirmada.
"Se ele pode se reunir com todos os bispos de lá, pode se encontrar conosco", afirmou Peter Isely, que foi abusado por um padre quando era criança.
"Nós fizemos nossas exigências de tolerância zero. Queremos que o papa escreva em uma lei universal: tolerância zero para o acobertamento de crimes sexuais. Eles podem fazer isso agora", disse ele a repórteres após a reunião com as autoridades, todas elas clérigos.
Ele e outras vítimas afirmaram que os bispos que haviam acobertado o abuso deveriam ser dispensados do sacerdócio, assim como aqueles que cometeram o abuso em si.
Outras vítimas de abuso esperavam do lado de fora do prédio em que a reunião aconteceu.
"Acreditávamos que a reunião desta manhã seria do papa com um grupo de sobreviventes de todo o mundo", disse o inglês Peter Saunders, que não participou da reunião.
O Vaticano afirmou que a presença do papa na reunião nunca esteve prevista, pois ele se reuniria com outras vítimas durante a conferência.
Isely e outros que participaram da reunião de quarta-feira disseram que também queriam conhecer o papa porque representavam aqueles com mais experiência e informações na coleta de dados tanto sobre os agressores quanto sobre as vítimas.
As vítimas que se encontrarem com Francisco e comparecerem à conferência de quatro dias permanecerão anônimas a pedido delas.
Rildo Alves

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