Museu judaico na Áustria pode abrigar obras roubadas por nazistas
Programa de triagem identificou 900 livros e 500 obras de origem incerta.
Museu contratou cientista para checar procedência de objetos, diz jornal.
O Museu Judaico de Viena, na Áustria, mantém centenas de obras de arte e
livros que podem ter sido adquiridos anos depois de haverem sido
roubados pelos nazistas, informou o jornal "Der Standard" neste sábado
(5).
Um programa de triagem, iniciado em 2007, anos depois de outros museus
austríacos começarem a vasculhar suas coleções em busca de obras
retiradas de seus legítimos proprietários, concluiu que cerca de 500
obras de arte e 900 livros são de origem incerta ou duvidosa, afirma o
periódico.
Objetos exibidos no Museu Judaico de Viena (Foto: Divulgação/Klaus Pichler/Jewish Museum Vienna)
Em especial foram mencionados quadros de Jehudo Epstein. O artista,
quando estava no exterior, em 1936, deixou 172 obras sob custódia do
empresário Bernhard Altmann. O industrial fugiu do país em 1938, quando a
Alemanha nazista anexou a Áustria, e sua fábrica foi anexada pelo
regime de Hitler.
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De acordo com o jornal, a viúva de Epstein, que morreu na África do
Sul, em 1945, tentou em vão rastrear as pinturas após 1947, algumas das
quais foram posteriormente vendidas em leilões tradicionais da Áustria.
Várias obras são agora parte da coleção do Museu Judaico, disse o "Der
Standard", citando informações obtidas do museu depois de muitos
pedidos.
O jornal menciona Danielle Spera, que se tornou diretora do museu em
2010. Ela diz que, apesar de limitações financeiras, o museu contratou
pela primeira vez, em dezembro de 2011, um pesquisador para verificar a
procedência de suas obras de arte.
"Tudo o que foi adquirido ilegalmente deve ser devolvido. Não haverá
nenhuma hesitação quanto a isso", declarou Danielle "Der Standard".
O jornal afirmou que os líderes da comunidade judaica da Áustria, cujas
coleções estão em empréstimo permanente ao museu, aprovaram em outubro
do ano passado a devolução para os herdeiros de Epstein a pintura que o
artista chamou de "Paisagem Italiana" (Italienische Landschaft, em
alemão), e um trabalho localizado em outro museu.
O Museu Judaico pemanece fechado aos sábados e ninguém pode ser encontrado para comentar o assunto.
A instituição contém ainda a própria coleção da comunidade judaica,
legada em 1992, uma coleção de Max Berger comprada pela cidade em 1988, a
coleção Sussmann, emprestada desde 1992, e doações de uma coleção de
Martin Schlaff, entre outras obras.
Outros museus austríacos já tiveram de lidar com a questão da devolução
aos legítimos proprietários de obras de arte saqueadas durante o regime
nazista.
*Com informações da Reuters-
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