Telexfree continua impedida de fazer pagamentos e novos cadastros

A suspeita é
que a empresa tenha montado um sistema de pirâmide financeira, e não um
negócio de venda de pacotes de telefonia via internet (VoIP, na sigla em
inglês) por meio de marketing multinível, como se apresenta.
O desembargador Evangelista recebeu o recurso da empresa e dos seus
sócios no último dia 20. Nesta segunda-feira (24), o magistrado manteve
na íntegra a decisão de primeira instância.
A Telexfree
tem cinco dias para apresentar um novo recurso e levar o caso ao
colegiado da 2ª Câmara Cível.
Procurados, os advogados da Telexfree não comentaram até o momento. Na
página da empresa em uma rede social, um comunicado afirma que "o mais
breve possível tudo estará normalizado".
A decisão ocorre no mesmo dia em que a Mapfre negou que a Telexfree a
tivesse contratado para oferecer seguro aos seus divulgadores .
A informação
havia sido prestada por Carlos Costa por meio de um vídeo, mas foi
desmentida em nota pela seguradora.
Em entrevista exclusiva ao iG em março, Costa afirmou que a empresa
tinha mais de 450 mil associados. Seu advogado, Horst Fuchs, falava em
600 mil. Ambos sempre negaram qualquer irregularidades.
'Poderá ser o maior golpe da história do Brasil'
O bloqueio dos
pagamentos e cadastros atende a um pedido do Ministério Público do Acre
(MP-AC), que considera a Telexfree como possivelmente "o maior golpe da
história do Brasil", segundo a decisão de primeira instância.
O argumento do órgão é que, em vez de depender da venda dos pacotes
VoIP, o lucro da empresa e de seus promotores – chamados de divulgadores
– depende sobretudo da entrada de novos integrantes, como numa pirâmide
financeira.
Segundo a juíza Thaís Kalil, é vantajoso para os promotores tentarem
cadastrar outros divulgadores na rede do que efetivamente tentar vender o
produto VoIP.
"A questão é que, muito provavelmente, quando esgotada a principal fonte
de receita do grupo (novos cadastramentos), muitos não terão
oportunidade sequer de recuperar o investimento inicial (mínimo de US$
339), ai então se começará a falar em prejuízo", escreveu a juíza.
No recurso, os advogados da empresa afirmaram que a decisão causava o
"calote institucionalizado" e que o fim de novos cadastros irá resultar
no fim da Telexfree.
Entenda o caso
Telexfree
é o nome fantasia da Ympactus Comercial Ltda., do Espírito Santo, braço
brasileiro da Telexfree Inc., fundada em 2002 nos Estados Unidos por
Carlos Wanzeler e James Merril. A venda dos pacotes VoIP, segundo a
empresa, ocorre no sistema de marketing multinível, e os interessados
também podem lucrar por meio da publicação de propaganda na internet e
da captação de novos divulgadores para a rede.
A Ympactus passou a ser investigada depois que serviços de proteção ao
consumidor (Procons) de diversos estados relataram um número elevado de
consultas sobre o sistema Telexfree. No Mato Grosso, houve casos de
pessoas que venderam carros e joias para investir no negócio, disse, em
março, o procurador-geral do estado, Paulo Prado.
Impulsionados
pelos Procons, os ministérios da Justiça e da Fazenda fizeram uma
análise da Telexfree. Em março, a Secretaria de Acompanhamento Econômico
anunciou que o modelo de negócio não era "sustentável" e se assemelhava
a um esquema de pirâmide financeira.
Também em março, o iG mostrou que, nos EUA, a Telexfree havia
contratado Gerald P. Nehra, um advogado com experiência em casos de
pirâmide , para rever o modelo de negócios praticado no mercado
americano.
IG.
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