Quatro padres na PB,são denunciados por pedofilia.

27 fevereiro

Quatro padres que atuavam na Paraíba são denunciados por pedofilia.

Quatro padres estão afastados de suas funções eclesiais no Estado sob acusação de pedofilia. A informação foi confirmada ontem pela Arquidiocese da Paraíba. Além dos casos dos municípios de Pitimbu e Jacaraú, que chegaram ao conhecimento público, outros dois – de João Pessoa e Mamanguape – também foram denunciados. O caso de Jacaraú, até agora, é o mais escandaloso, pois, segundo o promotor de Justiça, Marinho Mendes Machado, o padre Adriano José protagonizava orgias com adolescentes dentro da casa paroquial. Ele pagava para que adolescentes tivessem relações sexuais com ele. Os jovens contaram que recebiam entre R$ 30 e R$ 100. Alguns eram infratores, com registro de apreensões por roubo de motos e arrombamento de casas, conforme o promotor. O padre foi afastado da igreja em 31 de outubro de 2013 e o caso foi informado ao Vaticano.

O promotor responsável pela investigação do caso de Jacaraú disse que as investigações começaram há cerca de seis meses. Segundo Marinho Mendes, o padre da cidade é natural do município de Bezerros (PE) e estaria refugiado em Santa Catarina, na residência de um religioso. 

20 vítimas até ontem - As investigações começaram há seis meses. A promotoria calcula que pelo menos 20 adolescentes estão envolvidos no caso, mas este número pode ser maior. Dez deles já prestaram depoimentos. O padre Adriano José atuava na paróquia de Jacaraú há quatro anos.

Bebidas e cabarés - “Em seus depoimentos, todos os adolescentes confirmaram que bebiam bastante com o padre, ganhavam roupas, calçados e praticavam orgias. Eles andavam muito para cidades vizinhas, como Nova Cruz (RN) a 20 km de Jacaraú, e frequentavam motéis e cabarés. Eles saíam num veículo lotado. Andavam até em festas públicas em outros municípios. Vamos tentar fazer uma parceria com o Ministério Público para propor ações de indenização a favor das vítimas”, declarou o promotor Marinho Mendes. A pena para o crime pode chegar a 12 anos de reclusão em regime fechado. 

Religioso presenteava jovens - O caso chegou ao conhecimento da Promotoria porque a comunidade soltou um jornalzinho denunciando a situação entre novembro e dezembro de 2013. “O padre veio a João Pessoa e pediu afastamento porque estaria passando por problemas pessoais. Em seguida, foi preso um grupo de adolescentes e maiores que estavam praticando furtos na região, e os objetos encontrados pertenciam à casa paroquial. Após ouvirmos cinco menores, eles confirmaram que os objetos eram presentes do padre, e contaram toda a história. Entramos em contato com a Arquidiocese que, imediatamente suspendeu as atividades dele”, relatou o promotor Marinho Mendes. 

O promotor acrescentou que o inquérito está em fase de conclusão. “Em seguida, vamos entrar com denúncia-crime e o pedido de ação de indenização. O inquérito policial deve ser concluído em até 30 dias.

Prisão pode ser decretada - O padre Adriano José ainda não foi ouvido, e a Promotoria vai oficiar a Diocese para que diga onde ele está e o oriente a prestar esclarecimentos. Mesmo que ele não seja localizado, o processo vai ter andamento e a prisão poderá ser solicitada. “Após a conclusão do inquérito, vamos oferecer as ações penais”, disse Marinho Mendes, explicando que uma das razões que autorizam a prisão é a ausência do acusado. “Mas, ele ainda não está acusado formalmente. Está sendo indiciado. Só após a ação penal, vamos formalizar a acusação”. 

O promotor afirmou que os fatos são profundamente lamentáveis e constrangedores. Para ele, a Igreja falha durante a escolha dos padres para ordenação. Nesse período, conforme analisou, é possível descobrir a conduta psicológica de cada um, problemas de desvio de personalidade. “Nós não temos preconceito com a opção sexual de ninguém. Entretanto, estavam acontecendo orgias pagas dentro da casa paroquial. Havia ainda grande consumo de aguardente. Isso é crime, principalmente acontecendo dentro da casa paroquial”, observou.

Marinho acrescentou que falta vocação a alguns padres, que encontram uma fuga na religião. “Um cidadão que é reprimido, às vezes, por uma família inteiramente conservadora, se refugia dentro de um seminário, numa casa de formação religiosa, para se libertar de sua família, mas cai numa grande armadilha. No meu entendimento, a pessoa já nasce assim, o que vai ser revelado mais tarde. Se não for bem trabalhado, passa da esfera de uma opção para aberração. Ao receber a função de padre, com acesso a veículos, boa casa, ele se perde na caminhada”, concluiu. 

Vigário: Igreja age com rigor - O vigário-geral da Arquidiocese da Paraíba, monsenhor Virgílio Bezerra de Almeida, disse que a igreja tem agido com rigor em todos os casos que chegam ao conhecimento da direção. Segundo ele, a orientação do Papa Francisco é que, toda denúncia seja encaminhada à autoridade civil (Ministério Público no caso do País) para apuração. “Se chegar ao nosso conhecimento pediremos a abertura de investigação, havendo ou não pronunciamento da família da vítima”, afirmou. Na última terça-feira, a Arquidiocese encaminhou ofício ao MPE, solicitando apuração do caso de Pitimbu.

Ao tempo em que encaminha o caso às autoridades civis, a igreja abre um processo interno para apurar se o sacerdote feriu a Lei Canônica. Segundo o monsenhor Virgílio, sendo comprovado o crime, a Arquidiocese encaminha o caso ao Vaticano, pois só o papa tem poder para julgar. O vigário disse ainda que o resultado da investigação feita pela igreja independe do resultado da investigação civil. “Já tivemos casos no Brasil em que o padre foi inocentado pela Justiça mas foi punido pela igreja”, comentou.

O monsenhor Virgílio disse que os casos de pedofilia não são numerosos quanto parecem e que a pedofilia está em toda a sociedade. “Todos os dias vemos inúmeros casos acontecerem dentro de residências, entre familiares. A questão é que, quando acontece na igreja, ganha mais notoriedade”, afirmou. O vigário defendeu o celibato, que determina abstenção dos padres de relacionamentos conjugais. Sobre o afastamento dos padres, disse que é uma prática da igreja para proteger os fiéis e uma proteção ao sacerdote. “Quando o fato é denunciado não significa que já esteja provado o crime. Não podemos permitir uma condenação pública prévia, antes da investigação”, concluiu.

Fonte: Redação do portal Vale do Piancó Notícias com parlamento-PB

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