Jornalistas e cientistas concordam: impeachment de Dilma não tem volta

19 abril
Jornalistas e cientistas políticos debateram, na noite desta segunda-feira, os desdobramentos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Durante o programa Frente a Frente (TV Arapuan), apresentado pelo jornalista Heron Cid, especialistas em ciências políticas e jornalismo político, afirmaram que não há como reverter o processo de impedimento da gestora petista.

Eles também disseram que dois deputados federais paraibanos (dos nove que votaram a favor do impeachment) saem fortalecidos com a confirmação do PMDB tomando o poder (com Michel temer assumindo a Presidência da República): Manoel Júnior e Veneziano Vital do Rego, ambos do PMDB e pré-candidatos ao cargo de prefeito nas cidades de João Pessoa e Campina Grande, respectivamente. Cientistas políticos disseram, porém, que ainda é cedo para falar em sucesso eleitoral e também nas alianças.

“Dilma é uma militante de extrema confiança de Lula. Ela sabotou sua base política pela dificuldade de dialogar. O Senado vai afastar Dilma. Já são favas contadas””, disse Aécio Melo, advogado e cientista político. Ele também comentou a ‘teoria de conspiração’ apontada pelo governo, que tem como principal alvo o vice-presidente Michel Temer. “Conspirador é um termo muito forte. Há uma pressão das ruas e do empresariado, para que Temer tome as rédeas da situação, pois o país está desgovernado”.

Também cientista político, José Artigas discorda sobre a conspiração. “Há uma conspiração a olhos vistos. O vice que quer tomar o lugar da presidente. Estamos vivendo a pior crise do nosso país e vai piorar com ou sem Dilma”. Artigas destacou que as investigações da Polícia Federal tinham objetivo claro de interferir no processo político. Ele também falou que foi o PT quem permitiu o aprofundamento das investigações, dando mais autonomia à Polícia Federal e ampliando os mecanismos de controle.

“Desde a chegada do governo do PT, ainda com Lula, tivemos a autonomia da Polícia Federal, que tornou-se mais ativa. A própria delação premiada foi sugerida pelo governo Dilma, que também criou a possibilidade de condenação de corruptores. Os mecanismos de controle foram ampliados, permitindo investigações mais profundas. Mas, a PF construiu provas ilegais e foi de encontro aos direitos humanos. O objetivo era interferir no processo político”, disse Artigas.

O jornalista Adelton Alves declarou que Dilma não tem apoio político. “Não tem traquejo. No primeiro governo o apoio já era fragilizado. Não é muito afeita a fazer política. E Temer faz o tempo todo. É a praia dele e não é a praia dela”. Dilma, conforme ele, tem um colapso de governabilidade. Adelton explicou a ‘debandada’ dos partidos da base aliada levando em conta que as legendas estão pensando na perspectiva de poder.

João Costa, jornalista, também acredita que é impossível reverter a situação. “Inês é morta”, disse ele. Para Costa, Temer não terá dificuldades de governar porque terá apoio da mídia que manipulou a percepção da sociedade com relação ao processo de impeachment. “O que me preocupa é o que se estabeleceu a partir de ontem: a coação moral. Dilma não conseguiu governar um dia sequer quando foi reeleita. Parte dos políticos abandonou o governo com a esperança de não ser investigada na Lava Jato”, finalizou João Costa. 


Jãmarrí Nogueira-MaisPB

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