O elástico de Pilõezinhos que nem todo mundo viu

21 janeiro
Pátio da Igreja de São Sebastião em Pilõezinhos. Foto: Jaelson Monteiro
Parafraseando o escritor Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, eu diria: a Festa de São Sebastião de Pilõezinhos é, antes de tudo, forte!
É forte não pelo seu tamanho. É forte pelo que representa. Originária de uma manifestação de fé datada de 1856, a devoção ao Santo Mártir São Sebastião, que morreu por ser um soldado do Império Romano misericordioso com os apenados e por ter mantido a fé em Jesus Cristo, deu impulso a festa religiosa e dela se extraiu a social.
Tomando por base a obra do Pequeno Príncipe e acreditando que só se vê bem com o coração, alguém deve ter notado que um ‘elástico invisível’ faz Pilõezinhos maior do que é entre 10 e 20 de janeiro. A tese ‘o essencial é invisível aos olhos’ ganha força quando vemos um povo tão simples fazendo da devoção uma vida. Basta vê os fogos de artifício, ao final de cada novena, fazendo inveja as metrópoles. O carinho de quem arruma os andores, de quem pega nas bandeiras e fitas. A grandeza de quem recebe a imagem do Santo em casa e dar uma pequena moeda para ter a satisfação de se sentir parte daquela noite. De novo, é o pequeno que se faz grande.
A elegância das procissões e a alegria de quem se vestiu para daquele momento, só se vê em Pilõezinhos. As vezes a parte social nem é lá essas coisas, mas quando enxergarmos a parte religiosa, com os olhos da fé, percebemos a verdadeira beleza dessa tradição.
Não bastasse o esforço humano, a natureza também faz seu espetáculo. O clima muda. As vezes chove. As frutas aparecem. A cidade se movimenta. O povo se confraterniza. Este ar novo que se espalha pela cidade é sentido pelos habitantes e pelos visitantes, todos são contagiados. É impressionante! Pilõezinhos não nos dar opção, ele é quem nos envolve e pronto. É um encanto que só finda com a morte. Mas ainda há quem acredite que noitários, fogueteiros, religiosos, turistas, enfim, os contagiados com a festa de Pilõezinhos, batem palmas no céu quando gritando aqui da terra: Viva a São Sebastião!
Todos os anos o meu coração se estremece de alegria e, quando a festa termina, a saudade bate no outro dia. Só os corações de pedra não são tocados por esta beleza.
Peço a Deus para que os meus olhos lacrimejem de novo, o coração palpite novamente e no próximo ano tenha eu a graça de viver o sentimento que os meus pais transmitiram desde o ventre materno.
Antes que eu esqueça: Viva a São Sebastião!

Rafael San

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