General brasileiro fará parte de comando militar americano pela 1ª vez

14 fevereiro
General-de-brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior será subcomandante de interoperabilidade do Comando Sul, responsável por ajudar a comunicação entre forças na região
Brasil terá, pela primeira vez, um general integrado ao Comando Sul, a unidade que coordena os interesses estratégicos e militares dos Estados Unidos na América do Sul, na América Central e no Caribe.
O Exército designou o general-de-brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior, hoje chefiando a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, de Ponta Grossa (PR), para o cargo.
A negociação vem desde o começo do ano passado. Ela foi acelerada agora porque o atual titular do cargo que o general irá ocupar, um chileno, decidiu deixar o posto antes do prazo previsto, em novembro.
Faria Júnior será subcomandante de interoperabilidade do Comando Sul, responsável por ajudar a comunicação entre forças na região. Ele deverá ir em março para Doral, na Flórida, onde fica sediado o órgão.
A indicação de um brasileiro para a função inédita foi revelada nesta quarta (13) pelo jornal Valor Econômico, que citou um discurso ao Senado americano do chefe do Comando Sul, almirante Craig Faller, sobre o caso.
Faller esteve no Brasil nesta semana para falar sobre cooperação militar e a crise na Venezuela, tendo se encontrado com o chanceler Ernesto Araújo e com oficiais no Ministério da Defesa.
O fato de a negociação já estar avançada desde o governo passado desautoriza a especulação de que a indicação faz parte da determinação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de forjar uma aliança ampla com a gestão de Donald Trump nos EUA.
Na prática, contudo, ela cai como uma luva para essa intenção. O inegável simbolismo é grande e será explorado por adversários e apoiadores do governo, já que até aqui o Brasil só teve cargos de comando em missões multilaterais sob o guarda-chuva da ONU, com exceções históricas como a intervenção militar liderada pelos americanos na República Dominicana, em 1965.
Hoje, o Brasil tem cooperação com dezenas de países, geralmente com o envio e recebimento de oficiais para funções de instrução em academias militares, além da participação em missões das Nações Unidas como a que patrulha as águas do Líbano, que é comandada por brasileiros.
Não se trata, contudo, de algum prelúdio para o uso conjunto da força contra a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.
A área militar brasileira é contrária a uma ação no vizinho, defendendo que ela seria catastrófica para venezuelanos e também para o Brasil, que receberia um fluxo ainda maior de refugiados pela fronteira em Roraima.
O Comando Sul abriga cerca de 1.200 militares e civis, sendo um dos dez existentes no mundo. Seis têm abrangência geográfica, cobrindo todo o globo na defesa de instalações e interesses americanos.
Outros quatro têm funções operacionais específicas e atendem a todos os demais, como os comandos de Transporte ou de Cibernética. Apenas os EUA têm esse tipo de capacidade de projeção de força por todo mundo hoje.
Com informações da Folhapress.

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