Gasolina vai ficar mais barata? A culpa é do ICMS? Especialistas explicam

25 agosto

 

Esferas de armazenamento de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) da Refinaria Duque de Caxias – REDUC

O que corre nas suas veias? Talvez a resposta nem seja gasolina, como na redação de QUATRO RODAS e em seus leitores mais assíduos, mas as recentes altas nos preços tornaram não só o combustível do seu carro, mas o abastecimento energético em geral, pauta da imprensa e das contas mais complexas no orçamento pessoal.

Se o preço dos combustíveis é questão antiga e que envolve fatores políticos, sociais e, claro, econômicos, a atual conjuntura torna mais difícil a compreensão e consenso sobre os motivos para que o processo — iniciado com a mudança na estatal pós-impeachment de Dilma Rousseff — chegasse ao ponto de alguns estados registrarem preço médio de R$ 7/litro da gasolina.

Um dos maiores embates ocorre em relação à atual política de preços da Petrobras, que comanda praticamente sozinha a produção de combustíveis fósseis no Brasil. Desde a chegada de Michel Temer à Presidência a empresa atrela o preço dos seus produtos aos valores praticados internacionalmente.

De um lado, têm-se maior garantia de que a operação será saudável, sem prejuízos. Do outro, fatores como a disparada do dólar atingem sem amortecimento a população, já calejada com pandemia e crises diversas.

Para debater e oferecer ao leitor diferentes opiniões sobre tudo que envolve os altos preços de combustíveis, convidamos cinco especialistas para responder quatro perguntas que não saem das rodas de discussão e soam para alguns óbvias enquanto, para outros, não passam de impropérios.

Os combustíveis estão caros no Brasil?

Uallace Moreira Lima, é Doutor em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia:

Sim, considero que os preços dos combustíveis estão caros e têm impactos diretos na vida dos trabalhadores, principalmente. Com o preço elevado dos combustíveis, temos um efeito na cadeia produtiva em relação aos impactos nos preços, penalizando principalmente os assalariados.

O agravante do processo de política de preços da Petrobras que impacta nos preços dos combustíveis, está associado a um mercado interno em crise, com elevado desemprego, inflação e perda do poder de compra da classe trabalhadora, penalizando assim os trabalhadores com a alta do custo de vida, particularmente considerando que não há no país uma política de valorização do salário mínimo no período recente, reduzindo cada vez mais o salário real dos trabalhadores.

Heloisa Cruz, CFA, é gestora do Stoxos FIA:

Sim, estão caros sim. A quantidade de impostos sobre combustíveis no Brasil é muito grande, em especial o ICMS. Acreditamos que isso atrapalha bastante o custo Brasil e a competitividade do país, e esperamos que a Reforma Tributária enderece esse tipo de problema.

Ricardo Jacomassi, sócio e economista-chefe, da TCP Partners:

Sim, se compararmos o mesmo período acumulado de janeiro a julho de 2020 e 2021 do etanol e gasolina, sendo a referência a cesta que compõe o IPCA divulgado pelo IBGE, temos cenários bem opostos: enquanto que em 2020 o etanol e a gasolina caíram 12,8% e 8,9%, respectivamente, em 2021, o cenário é completamente diferente, o preço para o consumidor do etanol está subindo 34,7% e o da gasolina, 27,5%.

Você vê mais chances de que, ao final do ano, os combustíveis estejam mais baratos ou mais caros?

Uallace: Se eventualmente continuar um processo de variação do preço do barril do petróleo no mercado internacional, com os preços das commodities tendo tendência de alta e a política de preços política de Paridade de Preços de Importação (PPI) da Petrobras tiver continuidade, é possível termos um processo de continuidade de elevação dos preços dos combustíveis até o final do ano.

Heloisa: Não imagino que esteja muito diferente de onde está hoje. Com as políticas novas dos EUA sobre combustíveis, a oferta de petróleo foi reduzida num momento em que a demanda aumenta com menores restrições por conta da pandemia.

Ricardo: O cenário é de alta nos preços. No caso do etanol os impactos das geadas e da seca devem reduzir a produção das usinas sucroalcooleiras, justamente no período em que deverá aumentar a demanda por causa do aumento da circulação de veículos motivada pela reabertura da economia.No caso da gasolina, o cenário também é de alta devido a pressão do dólar que influencia no preço do litro em reais e o aumento do consumo.

Com Quatro Rodas

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